Deveria estar descansando.
Poderia estar trabalhando.
Queria estar me deitando.
Mas me forcei a jogar videogame.
O estado de ócio – neste caso, fazer uma atividade automática, que não me demandaria esforço algum – foi o que me levou a tomar essa decisão. Estou na terceira temporada como comandante do possante Nottingham Forest, no FIFA 22 e estava tendo dificuldades contra o todo poderoso Viktoria Plzen quando percebi que estava me forçando a estar ali.
Mesmo sendo algo que eu gosto de fazer, não era o que eu queria no momento.
E essa mesma percepção tem me "assombrado" de tempos em tempos. Meu cérebro pinta algo como "por que caralhos você está fazendo X, se você poderia e/ou deveria estar fazendo Y?" Minha resposta, claro, é: não sei, só sei que foi assim.
Estes parágrafos acima foram escritos em algum momento de 2022, estavam aqui nos rascunhos e, de repente, os encontrei aqui e percebi que são perfeitos pra continuar de onde parei. A campanha com o Nottingham Forest segue no save do FIFA 22, ainda na terceira temporada e, por enquanto, ainda parada. O que eu quero retomar é esse tal negócio chamado escrever.
Quando eu olho pra trás e releio coisas que escrevi, vou do "caramba, isso é ótimo" pro "caramba, isso é horrível". Mas o importante foi que eu escrevi. Mais do que isso, quando eu passei as ideias pro papel (ou pra telinha, afinal, 2023), eu tenho certeza que me senti satisfeito com o conteúdo. Já briguei com os algoritmos, já fiquei putaço no mercado e no LinkedIn, então, nem se fala.
Escrever não é terapia, mas é terapêutico. O que vale é o desabafo em forma de frases, parágrafos e histórias, nossas histórias. Eu me conheço bem o suficiente pra saber que essa "retomada" não vai ser pra sempre. Em algum outro momento, que pode ser semana que vem, eu vou cansar outra vez. Mas, enquanto isso não acontece, cá estou, justamente pra falar um pouco disso.
Quem nunca deixou de terminar algo que começou, que atire a primeira pedra. O maior exemplo disso na humanidade brasileira deve ser a temida "aula de inglês". Essa, no caso, eu terminei. Meu dilema, agora, é conseguir ter disciplina o suficiente (e encontrar tempo) pra estudar mandarim. Comprei o curso, fiz as primeiras aulas, mas não consigo avançar. Mesmo assim, sei que quando engrenar, vai dar bom. Afinal, já deu bom não só nas aulas de inglês, mas de francês e espanhol também.
No entanto, tem várias outras coisas que simplesmente não terminam. Tipo "fazer academia". Tem um começo, tem progresso, avanços substanciais, mas simplesmente não tem fim. Não existe o dia que você pode chegar e falar pro personal trainer, pro dono da academia ou pra pessoa da recepção um "ufa, até que enfim hoje é o último dia de aula". O máximo que acontece é o seu contrato acabar e você escolher não renovar. Seu bolso vai agradecer pela economia, mas seu corpo vai sentir o sedentarismo. Então, façam exercícios físicos, crianças.
Estudar, queira a gente ou não, é a mesma coisa. (Tipo aquele tweet famoso do Petkovic, que diz que as coisas vão melhorar depois da copa de 2014. Agora, já passou a de 2022 e ainda tem gente esperando melhorar.) Terminamos a escola, vem a faculdade, a pós-graduação, MBA, mestrado, doutorado, cursos de extensão e por aí vai. Assunto pra ser estudado sempre tem. Neste caso, falta oportunidade pra mais gente nesse brasilzão conseguir seguir esse ciclo todo, enquanto tem outras partes da população que têm, sim, oportunidade, mas ou não estão a fim, ou não precisam perder tempo estudando - só se preparando pra receber uma herança ou assumir a firma da família.
Fato é: a gente precisa renovar o conhecimento. No meu primeiro ano de faculdade de jornalismo, apresentei um trabalho sobre o Second Life. Hoje, se até o metaverso já apareceu e "morreu" – isso vai ser tema pra outro texto – o que dirá as matérias de blogging, produção editorial de revistas etc e tal? Os meios não morreram, mas buscam se reinventar pra não morrerem, ano após ano. Inovação após inovação.
E sabe o que mais não tem fim? Começar a escrever. Assim como estudar, sempre vai ter um assunto. Pautas frias e quentes, textos grandes e textos pequenos. Não tem um "texto final", assim como ir à academia. Meu corpo não sente o sedentarismo ao não escrever, mas, embora tenha demorado pra que eu percebesse, sentiu a falta de expressar alguma emoção de forma livre, através de uma história, um texto.
Poderia estar trabalhando. Trabalho pra fazer, tem de monte.
Deveria estar dormindo. Tá tarde e logo as crianças e/ou o cachorro vêm invadir a cama.
Mas estou escrevendo e pretendo continuar, por anos e anos. Entre hiatos pequenos e grandes, brigando com algoritmos e plataformas de publicação.
Afinal, escrever não é terapia, mas é terapêutico.
(Esse era pra ser o primeiro texto dessa “volta” da newsletter, mas não foi, por conta dos acontecimentos com Vinícius Júnior, na Espanha, e com o Joca, aqui no Brasil. Se você não leu, clica aqui e vai lá ler.)
Beijos e luz e até a próxima,
Luigi"
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