Olá! Que bom que você veio. Dá o play em Resistance, do Muse (ou em alguma outra música que você gosta, tá tudo bem), e vamos juntos.
Olhando para o passado
Parece um déjà vu. Tenho a sensação de, talvez há mais ou menos quatro anos atrás, já ter passado por algo parecido. Um sentimento de apreensão misturado com raiva depois de um domingo eleitoral de primeiro turno. O ano era 2018 e eu me desgastei mentalmente muito mais do que devia. Escrevi vários textões naquele veículo de comunicação tido, hoje, como do passado, um tal de Facebook.
Declarei voto em Ciro, inicialmente, depois em Haddad. Comentei em alguns posts do povo que eu seguia (note: seguia) e respondi a outros muitos que comentaram nos meus. Arranjei briga com uns e outros, fiquei, de verdade, tentando convencer de que o tal do mito não era nada daquilo e de que Haddad era um cara do bem. O resultado todos sabemos.
Dois anos depois, lá estava eu de novo no Facebook, no que viria ser meu último lampejo de uso da plataforma. Começou a tal da pandemia e os seguidores do capitão seguiam o que seu mestre falava: "pra quê fechar tudo? Essa gripezinha não é nada. A gripe normal mata muito mais. E blá. Blá. Blá." Parecia ser inacreditável ainda ver gente defendendo o dito cujo, mas era isso mesmo que acontecia.
Meses foram se passando, as mortes se acumulando, as atrocidades mais ainda. No fatídico dia do discurso em que ele disse ter "histórico de atleta", eu desisti, inclusive, de acompanhar o noticiário dali pra frente. Decidi ficar sabendo das coisas por tabela, porque ver aquela ignorância toda, todos os dias, cansava. Mas, mais do que isso, doía ver que, sim, ainda tinha gente ao lado do cara.
Vieram as vacinas, a cloroquina, mais um monte de besteiras, mentiras, absurdos, escândalos, omissões. Passeios de jet ski, imitações de gente sem ar, passeios de moto. E seguimos com a galera defendendo tudo isso - e se aglomerando pra ver o mito de perto em sua tour pelo Brasil.
Se quase quatro anos de baixos e baixos, entre descaso, desmatamento, fome, inflação, mentiras e mais mentiras não foram suficientes pra tirar o status de superstar do mito, nada mais será. O legado já está acontecendo e os seguidores da seita bolsonarista não o largarão de maneira alguma. Afinal, se ecoar algum escândalo, como já de fato aconteceu, é mais fácil acusar a mídia de estar divulgando fake news ou de perseguição ao escolhido por Deus.
O final do domingo de primeiro turno das eleições presidenciais de 2022 foi um verdadeiro filme passando novamente na cabeça: o meu instituto databolha apontando uma vitória esmagadora de Lula, mas alguns se manifestando, ainda, a favor do capitão. Outros poucos votaram em Ciro, em Simone e se apresentam ou como indecisos, ou declaradamente como quem vão anular seus votos no segundo turno.
Quem esteve ao lado bolsonárico por quatro anos não vai deixar de estar agora. E, se você está lendo esse texto e ainda está com o mito, me desculpa, mas o problema é todo seu. E eu só deixo uma pergunta no ar: o que precisa acontecer pra deixarem de acreditar em todas as mentiras do imbroxável (inclusive nessa)?
Mas, você, que ainda tem dúvidas, pensa em anular seu voto ou está disposto a um diálogo, vem comigo.
Olhando para o futuro
Não é sobre defender Lula. Não é sobre o PT ou mesmo sobre uma ideologia de esquerda, com a qual eu me identifico muito mais. É sobre a necessidade de devolver Bolsonaro para o esgoto de onde nunca deveria ter saído para pisar nos palcos do Superpop e do Danilo Gentili e dar passos, pouco a pouco, para chegar ao Planalto. É sobre não passarmos outros quatro anos em um pesadelo político, econômico, social e o que mais você se sentir à vontade de nomear.
E pode nomear: com certeza você se sentiu enojado, com raiva, negativamente espantado, incrédulo ou tudo isso ao mesmo tempo nos últimos anos. Ofendeu mulheres, desrespeitou jornalistas, agrediu gente na rua e, em algum momento, te deixou puto. Estamos juntos nessa. Não é só sobre Bolsonaro no poder, mas tudo o que ele construiu em volta disso e como construiu.
O ministro do meio ambiente que desmatou a Amazônia, a ministra dos direitos humanos contra a humanidade, o ministro da economia que não quer que a economia gire e reclama que tem empregada doméstica indo pra Disney. A médica contra a vacina, o ministro da saúde especialista em logística que deixa faltar oxigênio num estado inteiro. E por aí vai. Destes, vários eleitos para novos cargos públicos, pra manter a máquina bolsonarista funcionando.
Poderia ser Alckmin. Poderia ser o FHC de novo, Ciro, Simone ou até o Dória. Poderia ser o meu cachorro. É um voto contra Bolsonaro que, por acaso, deve ser de Lula, pois é ele o adversário que está lá e pode manter a nossa democracia viva e livre de ameaças. Mas poderia, realmente, ser o meu cachorro, desde que o voto fosse para o adversário do presidente mais irresponsável das galáxias.
Não é sobre Lula e o PT. É sobre toda uma gente que não é Lula, que não é o PT. É sobre um cara que se posiciona como o messias de uma seita que usa a religião como trampolim, manipula pessoas por meio do medo, de mentiras, notícias falsas, com uma tremenda falta de senso estético pra fazer memes na Internet, ainda por cima.
Lembra do "primeiro a gente tira a Dilma e depois tira o resto?"
Lembra do "não é só pelos 20 centavos?"
Então, agora não é só pelo PT ou pelo Lula, mas é pra gente respirar tranquilo por pelo menos mais quatro anos, sem ninguém que cometa descaso com nosso oxigênio, nossas florestas, nossa vida e nossa família.
Quer mais argumentos, motivos e detalhes? Entra nessa maravilha aqui, que é um guia completinho pra derrotar o megazord imbroxável do mal, tchutchuca do centrão, a Rita Repulsa brasileira: https://www.tiravotodojair.com/
Parafraseando o nosso maior filósofo contemporâneo, Casimiro, "se o Bolsonaro tá de um lado, eu tô do outro”.